Clube de Mídia: Por quanto tempo o senhor trabalha na pedagogia e como iniciou?
Paulo Safadi: Ótima pergunta! Então, eu entrei na faculdade de pedagogia em 2005, não fazia a menor ideia do que era; no primeiro semestre, quando eu terminei, eu vi que poderia ter escolhido qualquer outra faculdade que não me sentiria feliz, acabei me descobrindo na pedagogia, era o curso que eu realmente queria fazer só não sabia que era de fato esse. Qual a outra pergunta mesmo que você fez?

Clube de Mídia: Quanto tempo faz que o senhor trabalha com pedagogia?
Paulo Safadi: Eu não trabalho com pedagogia em si, eu mais atuo na área de projetos sociais, mas tenho certeza absoluta que foi a pedagogia que me abriu essas portas. Então, hoje, trabalhando com a perspectiva de facilitar a vida das pessoas com ações e com projetos voltados para um desenvolvimento comunitário mais atuante, já são 10 anos.

Clube de Mídia: Se o senhor fosse escolher um curso para fazer hoje, o que faria?
Paulo Safadi: Eu faria pedagogia de projetos, que é para você poder trabalhar com a perspectiva de pensar projetos sociais, pensar mudanças, melhorias dentro da comunidade. Para quem não sabe ainda o que fazer da vida, eu vou sempre dizer que a pedagogia é um caminho; pedagogia é o melhor caminho.

Clube de Mídia: O senhor acha que a pedagogia que estudou é a mesma de hoje ou ela mudou bastante?
Paulo Safadi: Em educação a gente precisa de tempo para mudar, e pedagogia, queira ou não queira, é a disciplina que trata de educação propriamente dita. Para que haja uma mudança dentro do conceito pedagógico, a gente vai falar sei lá de 40, 50 anos. A própria lei de diretrizes e bases que a gente tem é de 1996, se eu não me engano. Ou seja, a gente já está quase indo para 30 anos de uma lei. Aí, quando ela vem, ela é implantada já na educação básica e aí você tem 3 anos de ensino. Aí você tem 9 anos de educação básica, depois o ensino médio mais 3 anos, então você tem 12 anos para que isso seja incorporado. Pensando numa criança que, hoje, está no CA ou no primeiro ano ensino fundamental até o terceiro ano do ensino médio, 12 anos de estudos é tempo, mas é pouco tempo para que haja uma mudança significativa. Então você vai precisar de 3, 4 gerações para que isso aconteça.

Clube de Mídia: A ética faz parte de um dos pilares de responsabilidade?
Paulo Safadi: O [Mário Sergio] Cortella vai dizer que não existe ninguém sem ética, existem aqueles que cumprem a sua ética e existem aqueles que são antiéticos. Os antiéticos sabem que existe uma regra, os políticos por exemplo; corrupção é antiético. Ético seria você achar uma carteira na rua e procurar ver de quem é a carteira sem mexer no dinheiro e nos cartões, tentar entregar essa carteira para o dono. Já uma atitude antiética é você pegar essa carteira, tirar o dinheiro e jogar a carteira fora de novo ou deixar em algum lugar para alguém pegar. Agora, cada pessoa, cada comunidade, vai estabelecer seus próprios princípios éticos; religião, por exemplo: a gente tem religião de matrizes africanas, evangélicas, católicas, a gente pode ter pontos éticos comuns nessas 3 religiões, mas pode ser que não haja ponto comum, aí a ética difere de uma para outra.

Clube de Mídia: Vou fazer uma pergunta meio nada a ver com o assunto, uma pergunta pessoal minha. Porque o senhor falou que a gente tem sempre que estudar, mas o senhor acha que a escola está nos ensinando uma formação para a vida? Porque para mim não foi dessa forma, esse novo ensino médio tirou um monte de coisa e entraram outras só para embaralhar nossa mente.
Paulo Safadi: Mesmo que a escola na tua opinião não forme para a vida, um diploma faz todo a diferença.